2 de dez. de 2009

O que são Mandalas



Este termo hindu significa círculo. São uma forma de yantra (instrumento, meio, emblema), diagramas geométricos rituais, alguns dos quais se acham em concreta correspondência com um atributo divino determinado ou uma forma de encantamento (mantra) da qual vêm a ser a cristalização visual.

Segundo Sch. Cammann, foram introduzidas no Tibet vindas da Índia pelo grande guru Padma Sambhava (século VIII a. C.). Encontram-se em todo o Oriente, sempre com a finalidade de servir como instrumentos de contemplação e concentração (como ajuda para precipitar certos estados mentais e para ajudar o espírito a obter certos avanços em sua evolução, desde o biológico ao geométrico, desde o reino das formas corpóreas ao espiritual).

Segundo Heinrich Zimmer, não só são pintadas ou desenhadas, mas também construídas tridimensionalmente em certas festividades. Lingdam Gomchen, do convento lamaísta de Bhutia Busty, explicou a Carl Gustav Jung a mandala como “uma imagem mental que pode ser construída, por meio da imaginação, só por um lama instruído”. Afirmou que “nenhuma mandala é igual a outra”, todas são diferentes, pois expõem – projetada – a situação psíquica de seu autor ou a modificação trazida por tal conteúdo à idéia tradicional de mandala. Quer dizer, integra estrutura tradicional e interpretação livre.

Seus elementos básicos são figuras geométricas contrapostas e concêntricas. Por isto se diz que “a mandala é sempre uma quadratura do círculo”. Há textos como o Shri-Chakra-Sambhara-Tantra, que oferecem regras para a melhor criação dessa imagem mental. Coincidem com a mandala, em sua essência, o esquema da “Roda do Universo”, a “Grande Pedra do Calendário” mexicana, a flor de lótus, a flor de ouro mítica, a rosa, etc. Num sentido meramente psicológico, cabe assimilar à mandala todas as figuras que têm elementos encerrados num quadrado ou num círculo, como o horóscopo, o labirinto, o círculo zodiacal, a representação do “Ano” e inclusive o relógio. As plantas de edifícios circulares, quadradas ou octogonais são mandalas. No aspecto tridimensional, alguns templos obedecem a este esquema de contraposições essenciais, simbolizadas pela forma geométrica e número, sendo a stupa da Índia a mais característica de tais construções. Segundo o já citado Cammann, alguns escudos e espelhos chineses (em seu reverso) são mandalas.


A mandala, em resumo, é antes de tudo uma imagem sintética do dualismo entre diferenciação e unificação, variedade e unidade, exterioridade e interioridade, diversidade e concentração. Exclui, por considerá-la superada, a idéia da desordem e sua simbolização. É, pois, a exposição plástica, visual, da luta suprema entre a ordem, mesmo a que existe na variedade, e o desejo final de unidade e retorno à condensação original do inespacial e intemporal (ao ‘centro’ puro de todas as tradições). Porém, como a preocupação ornamental (quer dizer, simbólica inconsciente), é também a de ordenar um espaço (caos) dado, cabe o conflito entre duas possibilidades: a de que algumas presumíveis mandalas surjam da simples vontade (estética ou utilitária) de ordem; ou de que, em verdade, procedam do anseio místico de integração suprema.

Para Jung as mandalas e imagens concomitantes (precedentes, paralelas ou conseqüentes) acima mencionadas, hão de provir de sonhos ou visões correspondentes aos mais primários símbolos religiosos da humanidade, já encontrados no paleolítico (rochas gravadas da Rodésia) muitas criações culturais e artísticas ou alegóricas, muitas imagens da própria numismática, hão de ter relação com este interesse primordial da organização psíquica ou interior (correlato da organização exterior, da qual tantas provas temos nos ritos de fundação de cidade, templos, divisão do céu, orientação, relação do espaço com o tempo etc.) a contraposição do círculo, do triângulo e do quadrado (numericamente, do um e do dez, do três, do quatro e do sete), desempenham o papel fundamental nas melhores e ainda mais ‘clássicas’ mandalas orientais.

Mesmo quando a mandala alude sempre à idéia de centro (e não o representa visível, mas sim sugere-o pela concentricidade das figuras), apresenta também os obstáculos para alcançá-la e para sua assimilação. A mandala cumpre deste modo a função de ajudar o ser humano e aglutinar o disperso em torno de um eixo (o Selfst, da terminologia junguiana). Note-se que é o mesmo problema da alquimia, só que numa modalidade muito diferente a ser enfrentada. Jung diz que a mandala representa um fato psíquico autônomo, “uma espécie de átomo nuclear de cuja estrutura mais íntima e último significado nada sabemos” (diretamente).


Mircea Eliade, de sua posição de historiador das religiões e não de psicólogo, procura principalmente na mandala sua objetividade e conceitua-a como uma imago mundi antes que como projeção da mente, sem discordar, porém do fato. A construção dos templos – como o de Borobudur – em forma de mandala tem por objetivo monumentalizar a vivência e “deformar” o mundo até fazê-lo apto para expressar a idéia de ordem suprema na qual possa o homem, o neófito ou iniciado, penetrar como entraria em seu próprio espírito.

Nas mandalas de grande tamanho, desenhadas no chão por meio de fios coloridos ou de pós de diversas cores, dá-se o mesmo. Menos que à contemplação, servem à função ritual de penetrar em seu interior gradualmente, identificando-se a pessoa com suas etapas e áreas. Este rito é análogo ao da penetração no labirinto (a procura do ‘centro’) e seu caráter psicológico e espiritual é evidente.

Às vezes, as mandalas em vez de contrapor figuras fechadas, contrapõem os números em sua expressão geométrica descontínua (quatro pontos, cinco, três), que são assimilados então às direções cardinais, aos elementos, às cores, etc., enriquecendo-se prodigiosamente pelo simbolismo adicional. Os espelhos da dinastia apresentam, em torno do centro, a contraposição do quatro e do oito, em cinco áreas correspondentes aos cinco elementos (os quatro materiais e o espírito ou quintessência).

No Ocidente, a alquimia apresenta com relativa freqüência figuras de inegável caráter mandálico, nas quais se contrapõem o círculo, o triângulo e o quadrado. Segundo Heinrich Khunrath, do triângulo no quadrado nasce o círculo.

Às vezes há mandalas ‘perturbadas’ – assinala Jung- com formas diferentes das citadas e com números relativos ao seis, oito e doze, pouco freqüentes. Em toda mandala em que predomine o elemento numérico, o simbolismo dos números é o que melhor pode explorar seu sentido. Deve-se ler considerando superior (principal) o mais próximo do centro. Assim, o círculo dentro do quadrado é uma composição mais evoluída que o inverso. O mesmo acontece com o triângulo. A luta do três e do quatro parece ser a dos elementos centrais (três) do espírito contra os periféricos (quatro, pontos cardeais, imagem da exterioridade ordenada). O círculo exterior, contudo, tem sempre função unificadora por resumir com a idéia de movimento as contradições e diversidades dos ângulos e lados.


Benoist explica as características do Shri-Yantra, um dos instrumentos mandálicos superiores. É constituído em torno de um ponto central, ponto metafísico e irradiante da energia primordial não manifestada e que, por esta razão, não figura no desenho. Esse centro virtual está rodeado por uma composição de nove triângulos imagem dos mundos transcendentes. Quatro figuram com o vértice para cima e cinco em posição inversa. O mundo intermediário, ou sutil, está figurado numa tripla auréola que circunda os triângulos. Depois, um lótus de oito pétalas (regeneração), outros de dezesseis e um círculo triplo completam a representação do mundo espiritual. Sua inclusão no material está figurada por um triplo quadrado com redentes que expressam a orientação no espaço.
Fonte: Dicionário de Símbolos.
Autor: Juan Eduard Cirlot


Mônica Guimarães Moraes Camargo
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